quinta-feira, 25 de março de 2021

mais uma porta, mais um Porto.

somos obrigados a escolher caminhos, a eliminar alternativas.
só podemos entrar em uma porta de cada vez. e algumas portas depois de fechadas não abrem para o retorno. o motivo pelo qual elas não abrem é o que nos faz pensar no passado, na escolha anterior.
algumas não abrem por que as fechamos com força. muita força. a ponto de selar as bordas no marco, ou então de quebrar o trinco.
na minha vida, eu cansei de bater portas. uma vez bati uma porta com meu pai, quebrei o trinco, e durou um mais ou menos mês pra consertar e poder abrir de novo. ele me olhou e disse 'agora que está consertada, abre e fecha direitinho, como eu te ensinei.'
numa outra ocasião, fiz o contrário, abri a porta e logo vi outras duas próximas. na ânsia de abrir uma daquelas duas, deixei a anterior aberta, e invadiram.
aprendi, então, que mais do que saber fechar 'direitinho' as portas atrás da gente, devemos trancar com chave.
a moral da história é acumular um molho de chaves gigantesco, e vai depender somente de ti guardar e zelar pelo teu chaveiro. dependendo do teu humor, haverá dias que aquele chaveiro será pesadíssimo, que seria melhor descartar algumas chaves pra carregar menos peso. mas haverá dias em que, entre uma porta e a próxima, o caminho será longo e tu caminharás com tanto entusiasmo que nao sentirás o peso daquele monte de chaves penduradas.
e será importante ter abertura pra algum dos caminhos anteriores.

eu não saí de casa pretendendo a despretensão.
eu saí de casa querendo voltar, e com que alegria que eu carreguei essa chave! a maior chave do meu chaveiro, a porta mais pesada da minha história. a porta de casa.
por isso que insisto nessa história de conservar as portas e as chaves.
algumas delas dá prazer de voltar, abrir, e desfrutar um pouco mais.
estou voltando, Porto Alegre.
y volveré otras tantas veces, Buenos Aires.
porque vocês duas me ensinaram essa historieta.

Publicado originalmente em 29/01/14 1:22 AM

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

cada uno da lo que recibe

escrevo forte, apertando a caneta. ali no dedo de apoio se formou um calo que nunca mais vai sair. que me faz lembrar a todo momento que eu escrevo muito forte, que eu tensiono. e enquanto eu escrever, ele vai ser conservado.
na outra mão, as pontas dos dedos são calejadas também. ali é necessário fazer soar as notas nitidamente. tem que apertar as cordas com precisão. e esses eu conservo com prazer. tenho 5 meios de cultivo, e cada um tem uma forma, uma cor, um timbre. a cada dia que eu quiser sentir esse prazer, estão ali, esperando, e quando ativados, fazem sempre o mesmo efeito. só depende de mim tirar deles o nosso melhor e conservá-los pra próxima vez.
os outros calos são conotativos. por mais que me esforçe pra que eles não existam, ou parem de se manifestar, eles vêm pulsando, corando, as vezes doendo. eles não surgiram da vontade própria, do hábito. eu não saio caçando alvos pro choque. só surgiram do contato e da convivência; posteriormente, do atrito, da irritação, da mágoa. esses calos eu estou lixando, com auxílio de panos quentes.
quero calejar pra sentir só prazer, quero que esses escudos anulem dores e me façam ignorar a única parte dolorida de coisas prazerosas. mas não quero ser preparado pra levar o golpe bronco, nem pra distribuir coices.

meu pai sempre pergunta "ferraduras novas?". não pai, dessa vez comprei pantufas.
nada es mas simples
no hay otra norma
nada se pierde
todo se transforma

27/06/2009 - 00:00

cansado do mesmo

eu queria mesmo é estar dormindo agora. dormindo um sono bem dormido. mas eu dormi de tarde e gastei um pouco do cansaço acumulado. depois eu me estressei. inventei de falar demais, ou ouvi alguem por muito tempo, fui dar opinião. mas eu nem lembro direito o assunto, muito menos porque tudo começou. eu só sei um motivo, que é o mesmo de sempre...

daí que são 1:39 de um domingo pra segunda, e eu resolvi publicar pra talvez alguem um dia ler, nao sei se isso vai dar certo sem divulgaçao especifica. mas criei esse espaço principalmente pra gastar o verbo em algum lugar sem que ninguem seja DIRETAMENTE ofendido, atingifo, enfim. porém, é possível que um dia eu queira ser direto, afinal de contas, é assim que acontece normalmente.

22/09/2009 - 1:39 a.m.

terça-feira, 4 de março de 2014

fusão e efusão

sábado, 09 de junho de 2012, 02:21

a efusão me deu três meses de molho.

a efusão me lesionou o braço, que ainda doi, por pura necessidade de explodir em sentimentos na hora em que me tiraram algo.
o que me restou?
a dor da contusão.
de nada adianta ao ser humano a explosão de um sentimento fugaz e repentino.
a verdadeira sensação de paz interior e bem estar com o(s) outro(s), ou de bem estar social, perdura quando fazemos pouco a pouco, dia após dia.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

where to go?

they told me there's a free way
but i just want to be six blocks away

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Quando nasci, me apaixonei pela vida.

Por natureza, já é difícil recomeçar.
É dificílimo ser forte quando se foi sugado ao extremo da fraqueza.
E quando, estando na fraqueza, uma massa de ar polar e banho frio te atrapam, danou-se.
Danei-me. Feio.
Mas como bom samaritano, não me cabe menos do que o topo.
Digo marchar até ele.

E lá vou eu, mais uma vez tendo errado em alguns pontos e tendo sido complacente em tantos outros.
Reconhecendo que, de mil culpas, são minhas quinhentas delas.
E carregando elas todas com um gosto amargazedo de limão velho.
Paciência.
Pra variar, eu quis errar.
Quem não quer errar, nem tenta o acerto.
Quem não quer se expor, nem sai de casa, não abre o coração, não finca o pé no chão.
E se eu quisesse tentar um pouco disso, eu seria uma farsa.
Não existo sem existir, sem gritar de amor, sem chorar de alegria.
Essa é a minha existência, esse é o meu existir.

E que bom que gostara. Foi importante.
Foi belo, enquanto foi belo. E, premeditadamente, foi feio quando a estrada acabou, porque assim acabamos rumo à altitude. Física pura. Tudo que sobe...
É impressionante isso que a natureza mineral nos prepara, e que, humanos, insistimos em desafiar.
A estrada para a beleza das alturas é construída sob diversas intempéries, e os riscos começam na margem mais próxima.
Sobem os corajosos, desafiam o perigo em nome da adrenalina, do relaxamento, da vista estonteante, do vício, por ebriedade química e por amor.
Até que, em dado momento, uma curva acentuada ou uma ponte enfraquecida se interpõe.
E aí danou-se. Danei-me. Feio.
Mas como bom samaritano, não me cabe menos do que marchar.
É tão bela a vista lá de cima.


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ps: é tão bom começar de novo. é tão bom estar de volta. espero que vocês, leitores, voltem comigo.

sábado, 21 de maio de 2011

a genialidade da filosofia grega

'os gregos desprezavam todos os não-gregos alegando que estes não tinham mentes livres e investigadoras, e por julgarem natural admitir um suserano'
do livro 'A evolução da sociedade internacional', de Adam Watson.

os gregos eram GENIAIS.
os gregos prezavam pela independência, viviam em suas pólis (cidade-Estado), onde cada um fazia a sua regra, o seu comércio, ninguém é de ninguém, todo mundo é livre pra comprar e vender o que e de quem bem entendesse.
os gregos NÃO TOLERAVAM unificação. e não tinha porquê mesmo.
unificação significaria 'admitir um suserano', alguém que manda mais sendo igual a todos os outros.
hoje, seria algo tipo 'brasília x all the other fucking cities'.
enfim.
a Hélade (como eles chamavam a Grécia) era pequena, mas mais fragmentada ainda pelo sistema individualizado da política e da organização social.
reconheciam, entretanto, que tinham traços comuns, como o idioma, a ideologia, o nível de cultura (aliás, o nível de cultura...), os preceitos religiosos/mitológicos e as OLIMPÍADAS! ELES INVENTARAM!
por mais que soubessem e reconhecessem essas semelhanças entre eles, os gregos, geniais por natureza, sabiam que mais vale um pássaro na mão do que dois voando no céu da Hélade, e NÃO, NÃO E NÃO se juntaram. pelo menos não antes de jesus cristinho dar as caras.
mais um trecho do livro:

'estadistas com mais visão viram que a independência e a segurança de suas próprias corporações seriam prejudicadas a longo prazo se o inimigo fosse aniquilado. dar-se conta de que o inimigo de hoje pode ser o aliado de amanhã, de que não era do interesse de ninguém destruir nenhum dos elementos esenciais no sistema, levou a arte europeia do Estado, mais tarde, para além do anti-hegemonismo, até o conceito de equilíbrio de poder.'

caras, a Grécia Clássica já era Comunidade Europeia em 500 a.C. (e talvez até antes!).
quer dizer, !!! ser gênio naqueles tempos já era difícil, mas ser gênio com uma coisa que 'reaconteceu' dois mil e quinhentos anos depois DA MESMA FORMA COMO ELES DIZIAM QUE DEVERIA SER é simplesmente inexplicável.
eles não queriam unir-se, e não se uniam.
tampouco, por estarem desunidos, destruiriam um 'concorrente' de mercado (por exemplo, Atenas x Tebas).
e tudo isso porquê? porque concorrência DEVE EXISTIR pra que exista MERCADO, pombas!

daí forçaram tanto a porcaria da unificação ao longo do tempo pra depois de dois milênios criarem uma comunidade de nações, onde todos podem ir e vir, sob suas regras internas, e negociar livremente.
'cidades-Estado'.
os gregos eram geniais... e perderam.
hoje são pobres e estão em crise, recebendo auxílio de 'suseranos do capital' por terem sua filosofia, sua incrível filosofia (em todos os sentidos) destruída.